Naifer
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Re:Medidas e Metas para a Educação - 17/10/06 20:10
Uma já muito longa carreira, iniciada ainda antes do 25 de Abril de 1974, carreira que me levou, como a muitos, a calcorrear os quatro cantos do país e a sacrifícios sem conta, deram-me, a par de alguns dissabores, mas também alegrias (o professor também as tem, com os seus alunos, a quem se devota e dedica todo o seu esforço), uma experiência grande e, sobretudo, um saber ajuizar sobre as reformas, pseudo-reformas e reorganizações (curriculares ou não) em que o nosso sistema de ensino tem sido fértil, ao ritmo de quase uma por equipa que toma assento no Ministério da Educação. E o juízo que dessas reformas, pseudo-reformas e reorganizações faço é o de que de pouco ou nada serviram. Não resultaram delas benefícios que se vejam. Pelo contrário, degradou-se até, em certos casos, o ensino. Porquê? Porque os professores pioraram, entretanto; porque não dão o melhor de si na "cruzada" pela educação, sendo os "malandros", que alguns, muitos dos quais com grandes responsabilidades, querem fazer crer? Não. Embora possa dar jeito aos que apostam em denegrir a sua imagem transformá-los em bodes expiatórios da situação a que se chegou, ela tem muitas causas e grande parte delas a residir em quem tem ou tem tido a direcção política da educação. Veja-se a legislação e a ambiguidade que, por vezes, encerra; vejam-se as contradições entre legislação aplicável à mesma situação; veja-se a inenarrável burocracia a que a aplicação de alguma conduz, tolhendo, dessa forma, a acção dos professores e desviando a sua atenção do que, para ele, é essencial, a educação... E as aulas de 90 minutos? E as de 45, com os professores e/ou os alunos a saltarem de sala para sala, com todos os inconvenientes, perdas de tempo e perturbações daí resultantes? Veja-se o regime de faltas, que para pouco mais serve do que para dar trabalho aos directores de turma, que fazem uma contabilidade de praticamente nulos efeitos. Um regime de faltas que não disciplina e que pode, até, ter um efeito pernicioso na formação do aluno, induzindo-o na ideia de que tudo na vida é um "faz de conta". E com um regime de faltas desses não há, nem pode haver, regime disciplinar que funcione... Mude-se, pois aquele regime; produzam-se melhores leis, sem ambiguidades ou contradições, e evite-se a sua proliferação; desenvolva-se um combate sério à burocracia estúpida, isto, àquela que ultrapassa os limites do admissível; faça-se uma reorganização curricular séria, com atribuição de tempo bastante ao que é verdadeiramente estruturante e fundamental ao desenvolvimento dos nossos jovens; repense-se na duração do tempo de aula... Enfim, tomem-se as medidas que levam a um ensino de qualidade e de rigor, aquele que os que andam nesta profissão verdadeiramente querem. Porque estão cansados...
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