Maria Goreti
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Comunicar é cada vez mais difícil - 17/08/06 14:08
Penso que não há educação de qualidade se não existir comunicação. Só existe a dupla ensino-aprendizagem se a comunicação funcionar, não tenho dúvidas. O que também acho é que cada vez se torna mais difícil essa arte de comunicar.
Há uma coisa, que a meu ver, é essencial: a linguagem. Acontece que li há uns dias num jornal diário (e penso que no telejornal também passou a notícia)que os alunos não têm sucesso por causa dos métodos que os professores usam. Eu não tenho a certeza se é isso! Nenhuma metodologia de ensino funciona sem recurso a uma linguagem de entendimento entre quem quer ensinar e quem quer aprender. Vou especificar (e exemplificar): no meu último teste de avaliação a alunos do 11º ano havia uma questão que começava com "discute a validade da afirmação...." Bem.... as respostas foram várias, muitas ficando pelo valor lógico da afirmação, outras recheadas de um discurso à SMS e Chat, k, axo, pk,... quando corrigi teste alguns alunos revelaram não saber, no contexto, o que era discutir e, face a alguns esclarecimentos meus, alguns afrontaram e disseram que se estivesse escrito em inglês em vez de Português entenderiam melhor.....
Penso que estamos com um problema! Nós professores até entendemos essa escrita por demais simplificada (que se está a tornar um hábito entre os nossos alunos em prejuízo do domínio da nossa língua, falada e escrita, e a tomar todo o terreno nos meios estudantis), e os nossos métodos de ensino deverão começar a ajustar-se a ela!!!!???? O problema é que nós percebemos o que os alunos nos querem dizer, dessa maneira, mas eles não percebem mais o nosso discurso:nem escrito nem oral..... e aí é impossível comunicar seja qual for o método de ensino!!!
E se falarmos na área dos números? Se os alunos dominassem tão bem as funções da calculadora (em ciências exactas, como a Física, Química, Matemática....) como dominam as do telemóvel; se perdessem tanto tempo com o teclado da calculadora como com o do telemóvel e computador (em Chats) também talvez entendessem melhor a linguagem dos números! Assim, de todo, é impossível haver comunicação, quando os interesses e objectivos do ensino forem diferentes para todos os intervenientes no proceso de ensino e aprendizagem. Os professores têm que querer ensinar alguma coisa a alguém e os alunos têm que querer aprender, e eu diria que basta isto para haver qualidade na educação e ser mais fácil a comunicação.
Depois temos outras questões: com tantos horários ZERO, ou quase, dão-se turmas de 30 alunos a uns professores e os outros ficam a olhar para serviçoes que não deveriam ser-lhes entregues. Dividam as turmas a meio, por todos, e os alunos só têm a ganhar com isso. Muitas vezes, a questão da não existência de espaço, em muitas escolas, é uma falsa questão para não fazerem turmas mais pequenas. Oiço sempre falar em leis que não permitem desdobramentos! Em Redes escolares que só deixam abrir X turmas, um número minímo de alunos para abrir turmas, e sei lá que mais! Nem gostaria de conhecer o nº atribuido a essas "Leis"... Não são leis deste tipo que promovem a qualidade da educação, na minha opinião. Há colegas que, agora, vão para o fundo de desemprego! Não estariam a ser mais valorizados nas escolas com turmas mais pequenas? Duas turmas de 30 alunos podem originar qutro de 15! Qual é o impedimento????? Nunca percebi?
Goreti
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