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Competências para o século XXI - 22/05/06 12:05 Que saberes e que competências serão fundamentais a todo o cidadão do século XXI?
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Re:Competências para o século XXI - 24/07/06 17:07 Os professores do século 21

Um estudo realizado este ano em nove países da União Europeia, incluindo Portugal, mostra como os adolescentes dos 12 aos 18 anos se encontram imersos no ambiente configurado pelas novas redes de comunicação e pelos novos media. Desse estudo ressalta o seguinte facto: 50 milhões de jovens europeus estão ligados online. O que fazem eles? O que fazemos nós? O que é necessário fazer? O que se passa com os jogos online? Quem conhece os conteúdos dos blogues dos adolescentes e os interesses e perspectivas que exprimem? Como estão a reconfigurar-se as relações sociais, as formas de socialização e os processos de aprendizagem, com as novas ferramentas de comunicação? Como se redefinem os usos dos media mais tradicionais, neste novo quadro em permanente mudança? Em meu entender, estas e outras questões devem suscitar uma reflexão crítica por parte dos pais e dos professores. No que toca a estes, a urgência da reflexão impõe-se tanto mais que dela dependerá a célere e necessária mudança de mentalidade e de metodologias.

Efectivamente, transmitir informação ou dispensar conhecimento é, no meu entender, muito pouco para quem se pretende afirmar como educador/professor. Os professores do século 21 precisam de desenvolver um perfil de competências que lhes permita não só diagnosticar, acompanhar e avaliar, mas também criar os seus próprios materiais e ferramentas de ensino.

Mas inovar e actuar pedagogicamente a partir de novas bases implica uma profunda mudança de mentalidade, o que não é fácil. Para muitos, continua a ser difícil abandonar uma abordagem pedagógica tradicional que sobrevaloriza a transmissão, a linguagem, a cópia da cópia e onde os conteúdos e as informações são passadas directamente do professor para o aluno, através de processos de simples reprodução.

Os professores do século 21 têm de colaborar na criação de uma nova situação educacional que promova a construção realizada pelo aluno através de uma pedagogia activa, criativa, dinâmica, encorajadora, apoiada na descobertaa, na pesquisa e na investigação e no diálogo. Aos professores do século 21 cabe a exigente mas estimulante tarefa de levar o aluno a aprender a pensar e a prepará-lo para aprender a investigar, a trabalhar em grupo, a dominar diferentes formas de acesso às informações, a desenvolver a capacidade crítica de avaliar, reunir e organizar informações mais relevantes. No fundo, trata-se de uma metodologia que permita ao aluno a apropriação do conhecimento, mas também o seu manejo criativo e crítico.

Estamos numa era onde a informação, o conhecimento, a criatividade e as inteligências constituem efectivamente um capital. Trata-se de uma época de transição em que o poder está a ser transferido para o indivíduo e daí a importância de focalizarmos o desenvolvimento humano como o factor preponderante deste momento de transição. A formação integral assume por isso um papel preponderante, cabendo aos professores a tarefa de capacitar os alunos para viver numa sociedade que está em permanente processo de transformação. Isto implica ir além das dimensões cognitivas e instrumentais, trabalhando também a criatividade e a responsabilidade social, a par de componentes éticos, afectivos, físicos e espirituais. Desse modo, estaremos paralelamente a promover um desenvolvimento sustentável e a facilitar a promoção da dignidade humana.

Alguns projectos educativos acolhem especialmente a dimensão da tarefa do professor tal como a descrevo nas linhas acima. Sobre eles, escreverei brevemente...

AF
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Re:Competências para o século XXI - 25/07/06 16:07 Escreve o autor deste artigo: «A formação integral assume [...] um papel preponderante, cabendo aos professores a tarefa de capacitar os alunos para viver numa sociedade que está em permanente processo de transformação. Isto implica ir além das dimensões cognitivas e instrumentais, trabalhando também a criatividade e a responsabilidade social, a par de componentes éticos, afectivos, físicos e espirituais.» [sublinhados meus].
Primeira observação: não me parece que caiba aos professores capacitar os alunos para viver numa sociedade que está em permanente proceso de transformação - ou seja, numa sociedade que é apresentada como um dado adquirido - mas sim capacitá-los para viver em qualquer sociedade, mais estática ou mais dinâmica, que eles queiram e possam construir ou para onde possam ou queiram emigrar. A tentativa de os capacitar para viver nesta sociedade, pelas regras do pensamento único vigente - mudança, transformação, impermanência, precaridade - é evidentemente um projecto totalitário.
Segunda observação: capacitar as pessoas seja para o que for não implica de maneira nenhuma ir para além das dimensões cognitivas e instrumentais. Sujeitá-las a uma ortodoxia qualquer é que pode implicar a exorbitância proposta pelo autor.
Terceira observação: se a instituição escola, além de intervir sobre os aspectos cognitivos e instrumentais, invadir os territórios da «criatividade», «responsabilidade social» e dos «comportamentos éticos, afectivos, físicos e espirituais», não terá deixado ao objecto desta intervenção, nem a qualquer outra pessoa ou instituição, nenhuma margem de humanidade ou de escolha - o que torna ainda mais evidente o carácter totalitário da escola aqui proposta, que é em larga medida a que se tem estado a construir nas últimas dácadas.
A esta luz, não se compreende como o autor se propõe «facilitar a promoção da dignidade humana»: a sua doutrina, quer ele se aperceba disto, quer não, é profundamente anti-humana na medida exacta em que preceitua a profanação do que no ser humano há de sagrado.
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A escola light - 26/07/06 11:07 Como já alguém disse, "educar é um risco". Um risco tanto maior quanto assistimos ao surgimento de um novo homem light, "educado" em escolas light, produto do nosso tempo.Pensamento débil, convicções sem firmeza, apatia nos seus compromissos, indiferença sui generis feita de curiosidade e relativismo ao mesmo tempo; como ideologia, o pragmatismo; como norma de conduta, o hábito social, o que se tolera o que está na moda; quanto à ética, essa funddamenta-se na estatística, substituta da consciência; moral? essa é repleta de neutralidade, falta de compromisso e plena de subjectividade, ficando assim relegada para a intimidade, sem se atrever a vir a público.

A verdade é que a escola bebe hoje de uma sociedade repleta de aspectos que funcionam mal:

a) materialismo: os indivíduos obtêm reconhecimento social pela única razão de ganhar muito dinheiro.

b) hedonismo: viver bem à custa do que quer que seja é o novo código de comportamento; morrem as ideias e fica o vazio de sentido e a busca de sensações cada vez mais novas e excitantes.

c) permissividade: a destruição dos melhores propósitos e ideais.

d) revolução sem finalidade e sem programa: uma ética permissiva que substitui a moral, produzindo uma desordem generalizada

e) relativismo: tusdo é relativo, com o que se cai na absolutização do relativo.

f) consumismo: a verdadeira fórmula postmoderna da liberdade.

Para quem como eu educa jovens há quase um quarto de século, certamente concordará comigo. Os nossos alunos, hoje, vivem na sua maioria, num torvelinho de confusões e indecisões.

Não se trata de totalitarismo, mas antes de ajudar os mais jovens a escolher livremente. O homem, ao contrário dos animais, é livre precisamente porque pode escolher.. Não ajudando os jovens a escolher, não etsaremos a perpetuar um "totalitarismo pela ausêncoa"?

Se a escola tem como objectivo preparar os alunos para a vida, não terão então os professores/educadores que se preocupar com os cidadãos que tomarão as decisões no futuro? Aqueles que serão os médicos, os juízes, os engenheiros, os empresários, os professores, etc?

O problema é que no Ocidente existe uma crescente indiferença por saturação.Há de tudo em excesso, e o homem indiferente não se agarra a nada, não tem verdades absolutas nem crenças firmes, só quer toneladas de informação, ainda que não saiba para quê...
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