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A Realidade da Educação - 03/11/06 11:11
Falar de educação é para mim um assunto muito interessante, já que como profissional da mesma me tenho visto confrontado com diversas histórias ao longo dos anos. Comecemos pelo que eu acho que é o principal problema da educação em Portugal, os Pais. Os pais que tanto criticam a escola e os seus profissionais deveriam parar para pensar, porque o que se passa hoje nas escolas é o reflexo do que se passa em casa, com a maioria dos pais a demitirem-se da educação dos filhos. pura e simplesmente hoje em dia são poucos os pais que se preocupam verdadeiramente com o que os filhos fazem na escola, querem isso sim, deixá-los lá para que alguém "tome conta" deles, independentemente de saberem ou não, onde e como ocupam as cada vez mais horas que lá passam. Tive há pouco tempo a oportunidade de ver um aluno de uma escola secundária a falar das tão propaladas aulas de substituição e ele disse o seguinte: " A ministra da Educação não é a única culpada do que se passa, os pais é que quiseram isto..." As aulas de substituição deviam a meu ver leccionadas por um professor da turma que trocasse o horário com o colega em falta que daria a sua aula noutro horário que seria correspondente ao do colega. Mas isso não é fácil de se fazer, dado o número de professores e disciplinas mas, penso eu que já seria possível se essas aulas fossem utilizadas como salas de estudo, onde os alunos pudessem estudar as matérias das diversas disciplinas, o que levaria a uma melhor ocupação dos tempos "livres" e em que os estudantes poderiam estudar como se estivessem em casa. Vou mudar de assunto e falar agora da avaliação dos professores, uma falta questão pois os professores sempre foram avaliados e também pelos pais, pelo que a mim não me faz confusão nenhuma que eles participem nessa avaliação, mas temos de ter cuidado porque nem todos os pais o conseguem fazer. Eu já tive a oportunidade de graças a essa avaliação me ter livrado de uma acusação de mau ensino. Um pai aproveitando um dia a minha ausência da escola (devido a falta para acompanhamento a menor) foi falar com a directora da escola e disse-lhe que a filha não aprendia nada. Bem, quando voltei fui confrontado com essa situação e como quem não deve não teme marquei uma reunião de pais para passadas as 48 Horas legais. Posso dizer que o dito pai não compareceu, e ainda hoje não sei quem era porque nunca o vi, limitou-se a pedir à esposa que lá fosse. Para minha sorte tinha um dos pais que me defendeu utilizando a seguinte expressão "...eu comparo diariamente o que o professor faz nas aulas com o que faz o filho do meu colega que estuda no colégio particular x e apenas tenho a dizer que o meu filho não perdeu nada pois aqui as exigências têm sido superiores e as matérias muito bem desenvolvidas..." Já fui um muito bom professor e já me senti um mau professor, depende de muitos factores: dos alunos, dos pais dos alunos, de toda uma envolvência da escola, enfim também da disposição e da motivação. Actualmente sinto-me desmotivado porque para o nosso ME os professores parecem criminosos, mas eles sabem o que é ser professor, pai e amigo? Não. Também sou pai e dou aulas a 160Km de casa devido a uns concursos mal feitos, qual a minha motivação quando sei que poderia ir para casa todos os dias e agora não o posso fazer? Ou será que o meu filho não precisa do pai? Quero ser professor, mas titular? O que é isso? Os professores são para ensinar, educar, ser amigos e ser cidadãos não são para ser tratados como diferentes, e já agora quem me garante que um Doutorado ou um Mestre seja melhor professor que eu? Querer que os professores progridam por mérito, nada a opor mas com quotas? Mas o mériot não era para distinguir os professores? Afinal de uqe serve ser um Excelente profissional se não se progride na carreira se não houver vagas? Economia de dinheiros é o que isto é. 7 mil milhões de euros num TGV? A Educação, a Saúde, a Terceira Idade gastavam-no melhor.
Poderia passar o dia a escrever mas chega por hoje. Obrigado, pelos professores e pelos alunos, sempre.
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