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Re:Organização escolar - 07/06/06 19:06 Exma. Sra. Professora Natália Figueiredo Marques:
“Tenho tido muitas dificuldades nesta profissão/missão a que me dedico. Entre elas os milhares de Km que percorri no inicio da minha carreira, colocada várias vezes longe da minha família com dois filhos. Não foi fácil, foi psicologicamente e fisicamente esgotante, mas suportável.”
Continuo a entender esse périplo uma tremenda falta de respeito pelos professores e pelos alunos. Muito dificilmente o professor está bem estruturado afastado da família, muito dificilmente o professor interage com a comunidade, que é aprendente e ensinante.
O que relata e sabemos corresponder à prática, é muito difícil e desmotivante. Penso que além de se aligeirar a carga de trabalho/responsabilidade se deveria trabalhar em conjunto as técnicas de motivação e o enquadramento das matérias para fazer face a esse portento acefalizante que é a televisão – que tem muito poder de sedução, já que os alunos estão talvez mais tempo na escola que frente ao televisor; têm uma coisa em comum, genericamente falando: em ambas as situações, os jovens são meros receptores e não fautores da acção. Mobiliza-los seria mais profícuo que transmitir conteúdos a que hoje em dia se tem acesso de formas relativamente fáceis. Talvez que em vez de andarmos com reformas e alterações umas atrás das outras, em laboratórios constantes, se devesse ter a coragem para fechar a escola por uns meses para a repensar a sério, envolvendo o maior número possível de agentes educativos.
“De facto, muitos desses jovens, com altos défices de atenção e incapacidade de concentração, por vezes não querem e não colaboram, já para não dizer que perturbam a aprendizagem de outros. “
Pois é, e para não excluir os desinteressados sem que se consiga motivá-los, excluem-se da educação os interessados, a não ser que tenham pais com disponibilidade para os ensinar ou para pagar a explicadores…
“Querem agora sujeitar-nos a esta humilhação pública de sermos avaliados pelas famílias daqueles que avaliamos? Que princípio mais subversivo é este?”
A Ministra não propõe serem avaliados pelos vossos avaliados alunos, mas pelos pais, ainda que de forma “minimalista”… São entidades diferentes. Digamos que… o Governo trabalha para o Povo (?), mas é o Povo que o elege, que o avalia…mal ou bem… Coisas da Democracia… subversiva?
Há-de haver por aí, algures, um outro modelo… que eu não votei neste Governo, nem me sinto representada, embora concorde em muitas coisas com esta Ministra… que eu também não reconheço competência nalguns cidadãos para avaliar a performance de um Governo e temos igual direito ao voto… tal como não reconheço competência nalguns ministros, secretários de estado e quejandos e nalguns professores… Não tem muito a ver com esta discussão, mas assalta-me a dúvida: o Parlamento sempre vai fechar numa destas tardes em que a selecção nacional vai jogar, argumentando que mais vale terem uma manhã intensa de trabalho que um dia mal trabalhado por causa do futebol? Poderemos fechar o País nessa tarde? Ai quando o professor falta e nós não podemos ir trabalhar para ficar com o(s) filho(s)…!!! Mas claro, não sou parlamentar, não tenho nada que avaliar/comentar…
Deixo um repto: se não é possível esvaziar mais os conteúdos, tornar mais aliciante a forma de os transmitir/descobrir, façam greve indeterminada para promover melhores condições de trabalho; mas tentem envolver nessa greve o resto da população, numa solidária cruzada nacional, com bandeira e tudo, que as greves sectoriais apenas isolam.
Minha cara Senhora, apenas lhe digo que a Escola que temos tido não serve a ninguém: nem aos professores e demais profissionais, nem às famílias, nem ao País. Os resultados, nos mais diversos níveis, confirmam-no. Por mim, tive que abdicar da minha evolução profissional para colmatar as suas insuficiências. Mas os meus filhos não vivem isolados numa ilha nem numa redoma, andam na vida que todos fazemos acontecer e, como mãe sinto-me muito… falta-me a palavra!
Neste preciso momento está o pai já sem paciência com a filha mais nova, que se esquece do transporte nas contas de dividir. Descobrimos que as não sabia fazer e temos estado a ensiná-la, neste final de 4º ano, 1º ciclo, depois dos famosos “trabalhos de casa” e de um dia de trabalho, a que se seguem as lides domésticas e preparação do dia seguinte. Temos mais 3 filhos (são dois meus e dois do meu marido) e a minha filha de 17 anos diz que não quer ser mãe, que é uma grande irresponsabilidade colocar um filho neste país. Acha que é fácil?
A culpa? A culpa é de todos nós!
Permita-me um abraço solidário. Aceitemos apenas o que não conseguimos mudar. Mudemos todo o resto!
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Organização escolar
claracaldeira 22/05/06 12:05
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Natália Marques 06/06/06 16:06
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LMartins 07/06/06 19:06