Celia
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Re:Escolas, Professores e Outros Profissionais - 27/12/06 19:12
Caro senhor Sequeira, é por demais evidente que o seu contributo, tal como o de outros, é pertinente quando vindo fora da classe de professores e na sua qualidade de ex aluno e ex encarregado de educação. Convém, no entanto, informar-se um pouco mais sobre a formação dos docentes. Passados mais de 30 anos após o 25 de Abril e com a massificação do ensino, posso quase assegurar-lhe que não haverá nenhum professor sem formação superior e, tendo eu acabado o meu curso de Línguas e Literaturas em estudos Portugueses e Ingleses em 1981, já na altura tive dois anos de estágio: dois anos de prática pedagógica assistida, e concomitantemente, dois anos de teoria sobre Psicologia do Adoelscente, Sociologia da Educação etc, bem como "cadeirões" feitos através da prestação de exames( alguns de 3 horas) sobre didácticas viradas para a minha especialidade. Logo, o que o senhor sugere há muito que é feito, sendo agora que há muitos cursos já de estágio integrado. Para além disso, ao longo da mina vida profissional, tal como os meus colegas, tenho frequentado dezenas e dezenas de acções de formação, escolhendo sempre aquelas que foram contribuindo para a minha especialidade. Frequentei-as não porque tinha só de apresentar créditos para ascender na carreira, mas por sentir que tinha continuadamente muitos desafios pela frente e queria estar actualizada. Quantos aos estágios pagos, coloco as minhas dúvidas, já que na actividade privada a maioria não paga estágios, estes devem ser entendidos como complemento de formação uma vez que só depois do estágio o docente terá uma classificação profissional final. Há tantas classes profissionais que têm uma Ordem e como sabemos, só depois do estágio e até mesmo exames exigidos pelas ordens, é que os estagiários obtêm a carteira profissional. O problema com a nossa classe passa ( e regride) com o chinfrim dos sindicatos que deveriam remeter-se exclusivamente às questões laborais e deixarem de mandar palpites sobre a deontologia da docência. São campos diferentes. O curriculum dos cursos virados para a docência, bem como aspectos ligados à formação inicial, contínua, etc deviam estar sob a alçada de um organismo tutelar, chamemos-lhe Ordem, e nunca ao sabor dos movimentos sindicais que continuam com tiques pós 25 de Abril.Não me parece que as atitudes sindicais tenham contribuído, sobretudo ultimamente, para a reforma do ensino, pelo contrário, aos olhos da sociedade a visão que dão dos professores, onde milhares e milhares nem se revêem, tem conduzido toda esta preocupação ligada à educação para assuntelhos de rua. Para finalizar, dir-lhe-ei e porque sinto na pele, seria bom que os Pais e/ou Encarregados de educação não se demitissem das suas funções. Estes são alertados, por várias vias, para se deslocarem às escolas e muito poucos aparecem. A lei prevê, junto das entidades patronais, uma deslocação à escola, por trimestre, mas nem assim comparecem. Esta é a realidade que temos, esta é a mentalidade que ainda impera em muitas zonas do País: se o jovem é malcriado junto da família, lá vem a frase fatídica, " foi isso que te ensinaram na Escola?"Assim, sem um esforço articulado, não há educação que nos valha.
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