James
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Re:Escolas, Professores e Outros Profissionais - 20/10/06 21:10
Os americanos têm um ditado segundo o qual "É necessária uma aldeia para educar uma criança" (It takes a village to raise a child). Este vem-me à memória frequentemente quando penso no abandono e no insucesso escolares. Grande parte do insucesso escolar é certamente devida a sucessivas más politicas educativas (escritas em eduquês) que já foram devidamente denunciadas por Nuno Crato e outros. Mas outra parte desse insucesso e abandono deve-se ao facto de outros sectores da sociedade não funcionarem como deveriam. Como é possível ter sucesso quando os alunos, menores, frequentam discotecas e consomem bebidas alcoólicas e outras drogas, sem que as autoridades apliquem as leis? Ou que entrem à vontade em salas de cinema para verem filmes proibidos para a sua idade? Ou que trabalhem? Ou quando há alunos vítimas de maus tratos de todo o tipo, sem que os organismos que deveriam atender a esses casos, o façam? Ou que estão em lista de espera para consultas de psicologia em hospitais públicos? Há tempos li algures que os maus resultados do ensino nos deveriam envergonhar como professores. Ora a mim envergonham-me, antes de tudo, como cidadão. Sou professor há mais de vinte anos e tenho deparado com inúmeros casos em que não é a escola nem as famílias que falham, mas sim outros sectores. O sucesso escolar não está só dependente do M Educação. Ele depende de quase todos os outros Ministérios: Adm Interna, Emprego, Economia, etc. Li que alguém está a pensar utilizar os valores do abandono escolar para avaliar os professores. Ora tal medida parece-me de uma enorme crueldade e estupidez, dadas as condições económicas da população, e sendo a vida como é: que culpa tem um professor que a família de um aluno decida emigrar para ganhar a vida, ou que o aluno vá trabalhar? No limite, imaginem uma cidade em plena guerra civil. Com as paredes crivadas de balas e os vidros estilhaçados, o abandono escolar seria de cem por cento. Imaginem agora que o M da Educação local se lembrava de responsabilizar os professores e de lhes pedir que arranjassem estratégias de combate ao dito... Quanto às causas intrínsecas, subscrevo tudo o que diz Nuno Crato e alguns intervenientes deste debate.
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