sequeira
Utilizador
Itens afixados: 23 | |
|
Re:Medidas e Metas para a Educação - 09/01/07 21:01
Metas e medidas
A cada passo vou dizendo que esta é a minha última intervenção, mas o facto é que à medida que vão surgindo notícias e ou informação sobre educação sinto-me no dever de voltar a participar! Se não puder ou souber dar grandes soluções dadas as minhas limitações de vária ordem, pelo menos chamo a atenção para problemas actuais carentes de solução urgente enriquecendo a discussão na procura de metas e medidas! Todos conhecem certamente a revista Notícias Magazine que sai aos domingos juntamente com o J.N.. A revista propriamente dita é duma maneira geral muito interessante e traz sempre assuntos e esclarecimentos que poderão uns mais outros menos, mas a muita gente curiosa de saber! Há um cronista que se intitula Zé de Bragança que tem normalmente umas intervenções muito independentes e até às vezes deveras frontais que me agradam especialmente! Desta vez, no domingo passado, dia 7-01-07, intitulou o seu texto “Educação cívica”. Vou passar a transcrever algumas parcelas para poder realçar melhor o assunto onde quero chegar e para que se perceba que não sou só eu a pensar assim!
Educação cívica É já lugar-comum afirmar que a sociedade contemporânea vive um pouco à deriva no que respeita aos valores matriciais da sua organização. O individualismo emergente, (::, vai paulatinamente substituindo o travejamento moral que suportou a vida colectiva europeia durante o último século, traduzido numa multiplicidade de comportamentos e atitudes cívicas que se iam transmitindo através da sucessão das gerações. Não falo nas regras de cavalheirismo, (::. Mas falo das normas elementares de convivência social que entraram em lamentável e preocupante desuso. Dou exemplos. Alguém dá o lugar num transporte público a um idoso? Todos olham para o lado evitando vê-lo. Alguém se inibe seja do que for mesmo incomodando outras pessoas? (:: Quem se dispõe a respeitar os espaços comunitários, tratando-os com o zelo e o cuidado próprios do possuidor exclusivo? Excepções raras. Pessoas incomuns. Passeie-se pela cidade. Qualquer cidade.(:: Ver-se-ão cidadãos a escarrar violentamente para o chão; ou (::; ou condutores que se estão nas tintas para as regras da prioridade, para as passadeiras e para os peões. Quem não queira fazer este exercício confine-se ao restrito âmbito do seu condomínio. O saco do lixo que o vizinho do terceiro esquerdo depositou no patamar ali ficará até feder. (:: A lâmpada do hall do prédio fundiu e fundida ficará até que a administração a mande substituir. As assembleias reúnem com presença de um número insignificante de condóminos.(:: Não se pense que este exacerbadíssimo individualismo afecta apenas a vida comunitária. (:: O pai faz a sua vida. O mesmo se diga da mãe. E, finalmente, os filhos que assim crescem olhando para si e vivendo em função de si próprios. Os avós, esses, estão convenientemente depositados num lar. Não incomodam mais do que a visita quinzenal a que a decência obriga. Tudo isto tem dois nomes alternativos. Feios ambos. O primeiro, desactualizado, chama-se falta de respeito pelos outros. O segundo, politicamente incorrecto, designa-se por falta de educação. A culpa? Essa é, obviamente, de todos. Mas principalmente da escola. Não cumpriu o seu dever. Quer com os alunos, quer com as famílias. Não educou cidadãos. Gerou seres egocêntricos que, a prazo, serão vítimas do seu isolamento. Não se espere que os filhos sejam melhores que os pais, nem que os professores ensinem o que não aprenderam!«
Estou quase na totalidade de acordo com ele e nem sempre me sinto melhor que os demais, mas entendo que a culpa é muito mais da sociedade em geral, ou seja, de todos nós que nos vamos acomodando. A maior parte das pessoas do meu tempo (50/60 anos) e mais novas (30 e tal /50) com a revolução foi perdendo valores, referências que não foram substituídos por outros melhores. Em vez de uma liberdade dentro da máxima responsabilidade, as pessoas parecem ter assumido uma espécie de liberdade anárquica, um hedonismo quiçá exagerado e um certo egocentrismo, não obstante os activistas partidários e movimentadores políticos! A moral e a ética levaram um grande abanão. A adaptação à liberdade foi um tanto difícil, julgo que se terá instalado uma certa confusão de ideias, os extremismos exacerbaram-se, as filosofias e psicologias alteraram-se na buscas de maiores facilidades, tolerâncias e hoje em dia a sociedade está a querer acordar de um sonho! Aí a realidade nua e crua impõe-se e há que rever, reconsiderar, reorganizar, unir, disciplinar, ponderar seriamente e tomar novas e drásticas atitudes. Todos temos que repensar, que melhorar e, como já se disse algures, aprender a aprender com as lições do passado e do presente que nada de muito bom perspectiva em termos de futuro! Assim, todos aqueles que tiverem hipóteses de melhorar a sua capacidade de educar bem têm de o fazer e aqueles que tiverem o poder de auxiliar a nossa juventude a melhorar de vida têm a obrigação de o fazer. Quem não aprendeu pode muito bem reflectir e reaprender para ser efectivamente muito melhor a ensinar. A sociedade tem de proteger urgentemente a natalidade e apoiar os pais de todas as formas para depois então lhe poder exigir mais e melhor na sua função de pais. Os empregadores têm que pagar melhores salários e dar muito mais estabilidade aos trabalhadores, os professores não se podem distanciar, nem alhear da função que também lhes é inerente que é educar! Ensinar deve ser entendido como uma missão da qual faz também parte a educação tendo que ser assumida no seu todo como única forma de melhorar o futuro deste país. Há na realidade uma certa apatia na actual sociedade, parece até que a maioria se acomoda e aceita como natural a precariedade quase geral dos empregos e a instabilidade a começar estranhamente pelo governo que não parece muito interessado a dar o exemplo! Só porque se diz que é um problema global não haverá nada a fazer? Pelo contrário, eu acho que há, embora seja preciso mobilizar vontades, aproveitar todos os esforços e saberes, unir as pessoas, mesmo as desencantadas, em torno de um movimento de recuperação do tempo perdido a sonhar e a derivar! De contrário, aquilo a que eu tenho chamado de “Contra Revolução Silenciosa” implantar-se-á. Os pobres e os fracos serão oprimidos e explorados como o foram há já umas dezenas de anos! Os ricos e os poderosos cada vez farão mais o que lhes der na real gana! Será a isso que teremos de chegar, novos tempos salazarentos, para ganhar juízo? Mas atenção, porque nessa altura dificilmente teremos de novo uns capitães de Abril para nos conduzirem de novo à liberdade!
|