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Educação Artística - 22/06/06 20:06 Este ano tem sido o ano de ouro da Educação Artística em Portugal.
A prová-lo estão as inumeras conferencias, congressos e encontros que se realizaram no nosso país durante este ano, de âmbito nacional, internacional e até mesmo mundial.
A saber:
- Congresso Mundial da InSEA, em Viseu, na qual participaram cerca de 5 centenas de arte-educadores e investigadores da área de mais de 50 países.
- 1ª Conferência Mundial de Educação Artística, organizada pela UNESCO, no CCB em Lisboa, na qual participaram politicos, arte-educadores, investigadores de todo o mundo.
- Diversos encontros e conferências promovidos pelas Universidade e Escolas Superiores, e pela Associações de Professores das áreas artísticas, nomeadamente em Viana do Castelo, em Beja e em Matosinhos... isto tudo só para fazer uma resenha muito breve...

Posto isto, impõem-se algumas perguntas:
Qual o eco que os documentos saidos dessas conferencias fizeram na comunidade cientifica e educativa?
Onde estão os investigadores e arte-educadores deste país, que muito conhecimento já produziram, e não participam em nenhum dos debates que se irão realizar por esse país fora?
Porque é que este debate não abarca a Educação Artística, de acordo com as conclusãos da Conferencia da UNESCO que produziram um "Roadmap for arts education" no qual se recomenda aos governos uma atenção especial a este assunto?

Um abraço a todos e espero reacções e contribuições para um debate construtivo.

Ricardo Reis
RReis
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Re:Educação Artística - 21/09/06 14:09 António Damásio na Conferência Mundial sobre Educação Artística da UNESCO em Lisboa ( 6-9 de Março de 2006) referiu que “a ciência e a matemática são muito importantes, mas a arte e as humanidades são imprescindíveis à imaginação e ao pensamento intuitivo que estão por trás do que é novo”. Nessa mesma conferência Ken Robinson, defendeu que a imaginação é tão importante para os alunos do século XXI como os números e as letras, apesar de as artes estarem quase sempre no fim da lista de prioridades do ensino escolar público. Para Robinson, as artes devem ser vistas como motor de transformação do sistema de ensino: "Gastamos muito tempo e energia a tentar fazer com que o actual sistema de ensino assimile as artes, quando devíamos era
pensar em formas de criar, através delas, um sistema novo."

É importante pensar em criar um sistema novo de ensino que inclua de forma eficaz a educação artística em todos os níveis. É importante que as artes façam parte central do currículo. É necessário repensar o papel da educação artística em contextos formais e não formais, é sobretudo necessário mudar algumas atitudes em relação às artes, as artes são instrumentos vitais para a aprendizagem. Através da arte educação podem-se veicular os direitos humanos e construir cidadãos responsáveis e intervenientes nos sistemas democráticos. Através dos processos artísticos de aprendizagem os alunos desenvolvem capacidades únicas e essenciais para a formação da sua identidade, nomeadamente capacidades de reflexão crítica, imaginação e criatividade.

No congresso Internacional InSEA 2006 , realizado de 1 a 5 de Março de 2006, em Viseu - Portugal os três presidentes das três grandes NGOs de educação artística: a InSEA ( International Society for Education through Art) , ISME (International Society for Music Education) e IDEA (International Drama/Theatre and Education Association) : Douglas Boughton; Gary McPherson, e Dan Baron Cohen, assinaram uma declaração conjunta que foi lida na conferência da Unesco onde se formularam os principiais argumentos para a defesa e promoção da educação artística no mundo. Nessa declaração apela-se para um esforço conjunto no sentido de reforçar e reformular o papel da educação artística no ensino:
‘Neste tempo de crises declaradas, num momento crítico da sociedade face á fragmentação social, a uma cultura global dominante de competição, à violência urbana endémica e à marginalização da educação e dos veículos de transformação cultural, apelamos para novos e mais adequados paradigmas da educação que transmitam e transformem a cultura através da linguagem humanista das artes que é baseada nos princípios da cooperação e não da competição. Acreditamos que actualmente, o conhecimento básico dos indivíduos nas sociedades pós-industriais deva incluir inteligências flexíveis, competências criativas verbais e não verbais, capacidades de pensar criticamente e com imaginação, compreensão intercultural e empatia para com a diversidade cultural. A investigação tem demonstrado que estes atributos pessoais são adquiridos através do processo da aprendizagem e utilização de linguagens artísticas’.( Joint Declaration, Viseu 4 de Março de 2006).


Nas artes visuais, pedagogias reflectivas e críticas e novos meios de produção artística oferecem aos estudantes oportunidades para explorar os seus mundos visuais multiculturais e multi-tecnológicos. A educação para a compreensão da cultura visual oferece aos jovens meios para questionarem o fluxo de imagens transmitidas diariamente pelos meios mediáticos, ajudando-os a compreenderem o seu papel de público receptor e de produtor de significados. Através das artes performativas, os educadores estão a transformar as salas de aulas em teatros de diálogo criativo, fornecendo aos alunos ferramentas para desenvolver soluções para as necessidades e desafios sociais contemporâneos. Na educação musical, as novas tecnologias proporcionam meios fantásticos para desenvolver a consciência intercultural e a produção em grupo.


A educação artística fornece meios para a compreensão e preservação de culturas minoritárias, que estão em risco perante a globalização. Colectivamente as artes oferecem aos jovens oportunidades únicas para compreenderem e criarem as suas identidades pessoais. Estimulam os estudos interdisciplinares, a tomada de decisões participativa e motivam os jovens e as crianças para uma aprendizagem activa, criativa e questionadora.
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