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A qualidade versus actores - 18/10/06 11:10 Gostava de começar com um voto de confiança para os intervenientes no processo de alterações ao estatuto da carreira docente, em curso.Para que possamos melhorar os resultados da aprendizagem é necessário, em meu entender, ter em linha de conta dois elementos como factores preponderantes para se ter sucesso:1)Quem ensina terá de possuir a necessária preparação; 2)O currículo a ministrar deve ser abrangente sem cair no exagero de conteúdos.
1) Hoje estamos perante alguns resultados que se podem considerar pouco satisfatórios em algumas matérias.Esta verdade leva-nos a pensar que haverá necessidade de fazer algo que tem de passar por analisar, não só os conteúdos envolvidos e a extensão do programa a cumprir, mas também a forma como estão a ser transmitidos.
Directamente relacionado com o sucesso está o uso de técnicas e métodos de ensino/aprendizagem adequados, o que por vezes pode estar deficientemente a ser aplicado. Isto leva-me a alertar para a necessidade de formação contínua do corpo docente, quer específica da sua área científica, quer generalista sobre os métodos e técnicas pedagógicas.
2) Há algum mal estar em torno do cumprimento de alguns programas. Sou docente de matérias que se prendem com o agrupamento de Economia e Gestão e na minha área de intervenção, confesso que é difícil cumprir os programas se se pretender aprofundar de forma satisfatória os conteúdos de Contabilidade, Gestão, Economia ou Direito, porque hoje apenas podemos aflorar as matérias pela rama, o que faz com que os alunos cheguem mal preparados para o mundo do trabalho ou para a entrada no ensino superior.
A motivação também se consegue se a matéria se tornar aliciante, com alguma prática a envolver os conhecimentos teóricos ministrados.
Se nos entusiasmarmos a desenvolver as práticas, falta-nos tempo para cumprir todo o programa. Caso nos preocupemos mais com o cumprimento do programa as aulas tornam-se sem interesse e desmotivam os alunos.
Estamos perante um dilema que urge ultrapassar. Vejo como forma de modificar esta situação ministrar alguns conteúdos básicos no 9º ano, ao nível disciplinar ou no trabalho Projecto.
Não vejo razão para que tal não se possa fazer se vem melhorar a percepção da matéria por parte dos alunos que estão pela primeira vez a ouvir falar de tais conteúdos.
No que se refere ao aproveitamento nestas matérias, estou convencido que iria melhorar bastante. Não concordo que deva haver penalização para quem por estas razões acabe por não conseguir cumprir o programa que lhe estava destinado.Há que ter em consideração o contexto de trabalho, o nível dos alunos e o seu comportamento geral na escola e na sala de aula, para além de outros factores.

Obrigado pela atenção dispensada.

Miguel Costa [file]
Embora seja docente, encontro-me requisitado nos Serviços Centrais do Ministério, mais concretamente no Gabinete de Gestão Financeira. Sempre estive ligado à docência e aos problemas que afectam a educação nos diversos níveis de ensino e à Administração Educacional.
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Re:A qualidade versus actores - 18/12/06 02:12 Estimado professor Miguel Costa

Sou mãe de dois jovens que frequentam o 10º e 11º , ambos no curso de ciência e tecnologia.
Acompanhei desde sempre os estudos dos meus filhos Nos primeiros anos com natural facilidade e de um modo mais activo, actualmente a minha ajuda é esporádica e limita-se à Biologia, disciplina que me está mais próxima uma vez que possuo formação superior na área da saúde.
Ao longo destes anos e devida a esta actividade de “explicadora polivalente”, vi-me na necessidade de me inteirar dos diferentes conteúdos programáticos exigidos aos meus filhos.
Tenho uma opinião negativa da generalidade dos currículos escolares e encontro neles uma boa parte das culpas dos maus resultados do ensino em Portugal.
Tenho consciência da fragilidade da minha situação de mãe, estou fora do sistema de ensino, tenho apenas como argumentos a minha experiência de vida e o meu próprio percurso académico, mas a meu ver estes currículos são normalmente programas extensos, repetitivos que acabam por não acrescentar muito ao conhecimento. São inicialmente muito ambiciosos mas, porque não há tempo para consolidar os conhecimentos adquiridos, não atingem os seus objectivos. Exigem um grande esforço aos alunos em termos de tempo extra da sala de aula, (trabalhos de investigação ) que é pouco produtivo em temos de conhecimentos novos adquiridos, e que retirando tempo de aulas agrava a dificuldade em cumprir o programa.
Para espanto meu este tema raramente é apontado como causa do insucesso do ensino português, e é com agradável surpresa que o vejo referenciado por si.
Queria-lhe agradecer o facto de ter trazido este tema à discussão, já estou cansada de ouvir falar das nossas crianças que não trabalham (mas quando emigram são alunos brilhantes), dos professores que não querem dar aulas de substituição mas que fazem de técnicos de acção social dentro e fora da escola da escola e de pais que não de se interessam pelos filhos e que lhes pagam com enormes sacrifícios as explicações de matemática e as aulas extras de inglês.
Obrigado
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