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Reuniões, reuniões, reuniões, ... - 13/12/06 15:12 “As reuniões ocupam uma parte substancial das actividades dos membros organizacionais. E, pese embora os avanços tecnológicos, não deixarão se ser necessárias. É certo que nem sempre se justificam (...). Mas são inúmeras as situações que permitem tomar decisões mais adequadas e de melhor qualidade.” (Rego, 1999, p. 148).

As imprescindíveis reuniões na escola têm sido um martírio para muitos sobretudo devido à dúvida generalizada, incutida em quase todos nós, sobre a sua utilidade, eficácia e proporcionalidade dessas variáveis com o tempo utilizado. Parece também existirem professores que se alimentam delas tal é a ligeireza com que as propõem e a lentidão com que as concluem. Referindo-se aos seus convocadores, Rego (idem, p. 30) acrescenta que o devem fazer “(…) apenas quando são absolutamente necessárias”. Neste contexto, Frase e Sorenson (1992, cit. Seco, 2002, p. 67), esclarecem que “Somente os professores com elevada necessidade de crescimento e realização pessoais declaram aceitar bem as oportunidades de trabalho em equipa. Deste modo, para os professores com médias ou baixas necessidades de realização, o trabalho em equipa poderá causar stress e insatisfação”.

Têm, assim, várias imagens, sendo a convencional aquela que as considera como o local privilegiado das tomadas de decisão, “estímulo de ideias, juntar o espírito de equipa, gerar planos de acção, proporcionar orientações valiosas” (Miller e Pincus, 1997, cit. Rego, 2001, p. 17). Jesus (1996, p. 339-340), apoiando-se em outros autores, acrescenta o seguinte: “o trabalho dos professores em equipa, no sentido da resolução de problemas comuns e do fornecimento e apoio mútuo, é a estratégia mais relevante na prevenção e na superação do mal-estar docente” pois entende-se que “o bem-estar, em todas as esferas é o objectivo primeiro da vida” (Seco, 2002, p. 11). Neste seguimento, é indispensável que o participante reconheça a importância da sua presença e da sua influência nos resultados, proporcionando, deste modo, mais motivação e empenhamento no desenvolvimento das próximas acções.
Pode-se então apontar várias vantagens às reuniões, destacando-se a melhoria da qualidade de decisões e o desenvolvimento da identidade grupal. Restringem-se as desvantagens ao tempo gasto, à possibilidade do político se poder evidenciar e à desmotivação em que podemos cair se não virmos as nossas ideias aprovadas. A par da (1) má gestão do tempo onde é conhecido que quanto mais tempo durar a reunião menos eficaz se torna, (2) da ascensão do (mau) político inibindo a participação dos outros e (3) dos desvios da ordem de trabalhos, elegeria a (4) clarificação das competências do grupo, como os quatro grandes problemas a cuidar no que respeita à eficácia da reunião. A dimensão do grupo é um factor a ter em conta, uma vez que se este for grande (maior que vinte membros, segundo Ferreira et al., 1996) tem a vantagem de recolher maior número de ideias, mas a desvantagem de dificultar a comunicação. A heterogeneidade cultural dos membros ou diferenças nítidas de conhecimentos específicos, permite, também aqui, a ascensão do mais disponível ou do mais político. De salientar ainda a comunicação como um peso importante nessa eficácia através dos seus diversos princípios, onde se destaca o “saber escutar” por parte de todos os intervenientes: “(...) é um acto de sentir, interpretar, avaliar e reagir ao que o interlocutor está afirmando. É um processo activo que envolve pensamento e dispêndio de energia” (Araskog, 1994, cit. Rego, 2001, p. 48).
Por último dever-se-á ter em conta as “piadas” iniciais que surgem provavelmente com a intenção de ajudar na integração tentando-se criar um ambiente desinibido. Poderão ter um efeito negativo se forem dirigidas aos que sofrem de fobia social (que os há) ou aos que possuem uma personalidade mais recatada.


Bibliografia Referenciada
• FERREIRA, J. M. Carvalho [et al.] – Psicossociologia da Organizações. Alfragide: McGraw-Hill, 1996
• JESUS, Saúl N. – Motivação e Formação de Professores. Coimbra: Quarteto Editora, 1996
• REGO, Arménio – Comunicação nas Organizações. Lisboa: Edições Sílabo, 1999
• REGO, Arménio – Liderança de Reuniões – Na Senda de Soluções Mais Criativas. Lisboa: Edições Sílabo, 2001
• SECO, Graça M. S. Batista – A Satisfação dos Professores – Teorias, Modelos e Evidências. Porto: Edições Asa, 2002

Luis F. F. Ricardo (Dez-2006)
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