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Liberdade de escolha das escolas? - 22/10/06 18:10 Como pai, ficaria contente de poder escolher a melhor escola para a minha filha (quando ela tiver idade para a frequentar). Assim como o melhor centro de saúde, o melhor hospital, o melhor restaurante, a melhor loja de roupas e por aí em diante. Mas será isso mesmo possível num país em que muitas regiões só apresentam uma escola? Como escolher nestes casos? Enviar os nossos educandos para 20, 30 ou mais Km de distância da sua família, pilar fundamental da educação? Mesmo naquelas regiões em que se apresentam várias alternativas de escolha, tudo cheira a falso. Já não é a primeira vez que ouço encarregados de educação referirem que não conseguem enviar os seus educandos para a escola y ou h, porque em tais escolas só aceitam alunos com médias superiores a x. E nestes locais há sempre uma escola que acaba por ser o "caixote do lixo" que recebe os alunos com piores resultados escolares. Então onde está a escolha?
Penso, sinceramente, que poder escolher uma escola poderá ser o passo a seguir. Penso que qualquer encarregado de educação deverá ter o direito de o fazer. Mas também penso que a sua escolha deveria ser dificultada ao máximo, isto é, as escolas deveriam ser todas de tal qualidade, que um encarregado de educação iria ter dificuldades em escolher, mas independentemente da escolha, saberia que o seu educando estaria no local certo.
O interessante, então, seria ver os nossos governantes a agirem de modo a dotarem todas as escolas com as condições necessárias para todos os nossos alunos terem sucesso. Não se compreende que umas escolas estejam tão bem apetrechadas a nível informático, ao nível de instalações desportivas, bibliotecas, espaços de convívio, laboratórios, cantinas... e outras estejam tão mal servidas.
Dotar todas as escolas com boas condições para os professores e alunos trabalharem será importantíssimo para haver sucesso de qualidade e, aí, o sentimento de querer escolher talvez não fosse tão forte.
Olhando para o "Ranking" das melhores escolas, não é difícil perceber que estas estão inseridas em contextos económicos favoráveis, bem como o sócio-cultural. Então, a luta dos nossos governantes deverá passar também por melhorar as condições económicas das nossas famílias e contribuir para a formação cultural das mesmas.
Boas condições materias para professores e alunos, famílias desafogadas economicamente e com boa formação ao nível dos valores e cultura é caminho para escolas de qualidade. Para essa mesma qualidade, não contribui em nada a guerra aberta entre governo e classe docente, na qual os primeiros transmitiram para a opinião pública uma imagem péssima dos segundos, apenas com um objectivo economicista, uma vez que ao nível das condições que os nossos professores e alunos vão encontrar nas escolas, nada mudará e o tal sentimento de escolha virá sempre ao de cima.

Item editado por: mariamatos, em: PM/10/22 20:10
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Re:Liberdade de escolha das escolas? - 23/10/06 16:10 A questão da escolha das escolas é a mesma da escolha do hospital, trata-se da privatização ou não de serviços até aqui considerados públicos; mais ainda, trata-se de definir até onde vai a responsabilidade do estado em relação aos seus cidadãos. Eu sou adepto do serviço público, acho que somos uma nação, democrática, solidária com todos os seus membros; não quero que os meus filhos tenham nem mais nem menos que os filhos dos outros, quero que todos tenhamos acesso a um ensino de qualidade. Ainda não desisti de pertencer a um país e ainda não optei pelo "salve-se quem puder". Não podemos desistir do nosso país, relegando para instituições privadas a educação dos nossos filhos ou a saúde quando estes sectores levantam polémica e os governos receiam assumir as suas opções, ou tomá-las, preferindo "sacudir a água do capote" e livrar-se de mais um peso no orçamento e de mais um motivo de descontentamento público; não quero os meus filhos num lugar onde só quem tem dinheiro é que pode entrar, quero-os ao lado de todos os outros, ricos ou pobres; quero que saibam que as pessoas não são, nem têm de ser, todas iguais, para que aprendam a respeitar as diferenças e sobretudo, para que aprendam a ser pessoas.
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Re:Liberdade de escolha das escolas? - 24/10/06 14:10 Concordo com o que Ruis afirma e, para tal, basta ver que referi que as escolas deveriam ter todas uma qualidade tal, que os encarregados de educação não iriam sentir de um modo tão forte a necessidade de escolher qual a eleita para os seus educandos, pois elas seriam todas boas. Para tal, afirmei a necessidade dos nossos governantes dotarem as escolas das melhores condições para professores e alunos. Logo, também no meu entender, deve ser o estado, que também somos todos nós, a promover essa qualidade e não qualquer interesse particular.Quando referi as escolas com melhores resultados, procurei também transmitir a injustiça que essas listas promovem, porque à partida todas as escolas partem com condições desiguais, por vezes bastante acentuadas.
No entanto, o que se verifica, é que tarda em chegar a todas as escolas essas condições desejadas. Pelo contrário, fecham-se algumas, despejando os seus alunos para uma escola "receptora" que, à partida, irá ter as mesmas condições que tinha quando o seu número de discentes era bem menor. E se algumas dessas escolas eventualmente não ofereciam as melhores condições para um ensino de qualidade, em outras bastaria investir nelas. Esse investimento, a par de outros que ocorressem noutras áreas sociais, poderiam contribuir, por exemplo, para que as populações se fixassem em zonas do nosso país cada vez mais abandonadas, provocando um êxodo para o litoral.
Também eu espero que se invista cada vez mais e com maior qualidade no ensino, porque não será dinheiro deitado fora, mas antes uma forte contribuição para a consolidação de um país que se quer ambicioso, forte e que provoque o desejo de se viver nele.
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