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Ocupação plena dos tempos escolares dos alunos - 06/06/06 00:06 Recebi hoje na minha caixa de correio electrónica o n.º 3 do boletim dos professores, do ME. Lá se fala das medidas a tomar no sentido de providenciar formas de ocupar os alunos na eventualidade da falta de um professor. Compreendo e sei por experiência própria o quão importante é assegurar que os nossos filhos estejam em segurança enquanto estamos a trabalhar e não podemos cuidar deles, sei que cada vez mais ambos os conjúges trabalham e têm de contar com a escola como uma segunda casa, e tão importante quanto isso, sinto que é necessário promover o seu sucesso educativo. Àcerca disto, podemos colocar várias questões que podem ter, cada uma delas, várias respostas:

1. A escola serve para guardar as crianças enquanto os pais estão a trabalhar?
2. Será que a escola está, cada vez mais, a substituir os pais na sua tarefa educativa?
3. Será que a escola dispõe de meios para suportar essa acrescida e crescente responsabilidade?
4. Será que os jovens não precisam de tempos livres em que possam, não só reflectir e estar consigo mesmos mas também conviver, sem constrangimentos?
5. Perante a incontornável realidade de os jovens passarem muitas vezes pelo menos um terço do seu dia na escola e de esta se tornar um espaço não só de aprendizagens curriculares mas também sociais, não será necessário assumir claramente essa responsabilidade, com todas as consequências em termos de planeamento e investimento que isso acarreta?
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Re:Ocupação plena dos tempos escolares dos alunos - 07/06/06 17:06 Reflexão de resposta a Rui Sousa:

1. A escola serve para guardar as crianças enquanto os pais estão a trabalhar?
Estou em crer que conseguirão fazer melhor e com tanto professor no desemprego…

2. Será que a escola está, cada vez mais, a substituir os pais na sua tarefa educativa?
Enquanto estão a trabalhar, os pais não educam os filhos; ainda não há empresas que paguem para educarmos os n/ filhos, cidadãos do Estado. Poderei evitar a entrada na guerra de um filho meu? Dificilmente, só emigrando, como muitos o fizeram. Os n/ filhos são do estado, nada de invulgar o Estado investir a sério na sua educação.

3. Será que a escola dispõe de meios para suportar essa acrescida e crescente responsabilidade?
Os meios criam-se. Claro que não os tem agora. A escola nem tem conseguido ensinar a ler e a escrever devidamente, nem a fazer um raciocínio, nem uma conta de dividir. Ou se acaba com a escola ou se muda a escola, não?

4. Será que os jovens não precisam de tempos livres em que possam, não só reflectir e estar consigo mesmos mas também conviver, sem constrangimentos?
Claro que precisam. Mas não têm agora o bastante, porque vão para os ATLs onde têm que fazer os trabalhos de casa (nalguns casos autênticos pesadelos – ainda há uma semana a professora da minha filha mais nova deu uma parte de uma matéria que no dia seguinte ia sair num exame de avaliação de todo o ano inter turmas(?) e tivemos que estar a explicar a restante matéria em falta), ou os fazem à noite com os pais, ou com os explicadores (também seus professores, nalguns casos), ou ficam em casa/rua sozinhos, onde quaisquer dúvidas permanecem. Até mesmo o pouco tempo que os pais estão com os filhos (35/40 horas de trabalho, fora tempo de transportes, compras, higiene e limpeza domésticas, etc., que nem todos têm “doméstica”) poderia ter melhor qualidade.
O ideal seria a Escola ensinar de facto, sem necessitar de grandes ajudas exteriores, dentro dos objectivos e missão que lhes são acometidos, para que os jovens tivessem outras actividades que, defendo, não deveriam ser nas escolas, para poderem alargar o leque de socialização.

5. Perante a incontornável realidade de os jovens passarem muitas vezes pelo menos um terço do seu dia na escola e de esta se tornar um espaço não só de aprendizagens curriculares mas também sociais, não será necessário assumir claramente essa responsabilidade, com todas as consequências em termos de planeamento e investimento que isso acarreta?
Concordo, nenhuma aprendizagem curricular se faz sem aprendizagem social... Mas julgo que as escolas se deveriam recorrer do saber da restante comunidade e vice-versa, em dialéctica. Para além disso, os curricula tem que, de uma vez por todas, ser adaptados às emergências actuais e exigências futuras; tal como as disciplinas e cadeiras, que não devem manter-se a todo o custo para subsidiar o posto de trabalho dos professores. Falta recentrar a escola nos alunos e no seu futuro.
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